História

Todos os pênaltis do Fluminense (V 2.0)

Em 2017, influenciado pela incrível eficiência do então centroavante tricolor Henrique Dourado, fiz um levantamento com todos os pênaltis da história do clube que pude encontrar para verificar se o “ceifador” era de fato o melhor cobrador de todos. Já se passaram quase três anos, muitos outros pênaltis foram cobrados e correções pontuais se fazem necessárias. Sendo assim, resolvi fazer uma atualização do post. O original foi apagado para não causar confusão.

Conforme expliquei no post original e reitero aqui, o título do post é uma licença poética. É impossível alguém afirmar que tem registro de todos os pênaltis cobrados pelo Fluminense ao longo dos seus 118 anos de história. Mas dá pra estimar que esse levantamento representa pelo menos 95%.

Até a data da publicação deste post (27/7/2020), entre pênaltis batidos no decorrer do jogo e em disputas de pênalti o Fluminense executou 1.300 cobranças, sendo 964 convertidas e 336 perdidas. Um aproveitamento de 74,15%, que não chega a impressionar. arredondando, três gols a cada quatro pênaltis batidos. Foram 307 cobradores diferentes.

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Quem é o melhor batedor de todos? São muitos os jogadores com 100% de aproveitamento pelo Fluminense. Mas a grande maioria deles tem apenas uma cobrança. Muitos tem duas. Ou seja, uma amostragem que não é representativa. Se elegermos o melhor batedor aquele que tiver o maior número de cobranças dentre os que nunca perderam um pênalti, Henrique Dourado de fato é o melhor. O jogador cobrou 11 vezes e converteu todas. Nenê, com 100% em seis cobranças, já figura entre os melhores nesse critério. Veja a tabela abaixo.

Cobrados Convertidos Perdidos Aproveitamento
Henrique Dourado (2016-18) 11 11 0 100,00%
Maurinho (1959-63) 8 8 0 100,00%
Quincas (1951-56) 7 7 0 100,00%
Rinaldo (1967) 7 7 0 100,00%
Nenê (2019-20) 6 6 0 100,00%
Pedro (2016-19) 6 6 0 100,00%
Rangel (1986-91) 6 6 0 100,00%
Edmundo (2004) 5 5 0 100,00%

E quem cobrou mais pênaltis? Pinheiro, histórico zagueiro sempre lembrado pelos tricolores mais antigos quando se fala de pênaltis, é o recordista com incríveis 49 cobranças. 12 delas aconteceram em um mesmo dia: 15 de Julho de 1956, data em que foi disputado o Torneio Início. Na época os jogos desta competição tinham apenas 20 minutos de duração e eram desempatados em séries de três pênaltis cobrados pelo mesmo jogador. Três jogos foram decididos dessa forma em favor do Fluminense. Em um deles, contra o Bangu, foram necessárias duas séries de três pênaltis. Pinheiro teve então que cobrar 12 pênaltis para levar o Fluminense ao título, desperdiçando apenas um. É provável que tenha nascido aí a lenda em torno de seu nome e os pênaltis.

O ídolo Fred, que recentemente retornou ao clube, aparece logo a seguir com 47 cobranças. Veja abaixo todos que cobraram mais de 20 pênaltis.

Cobrados Convertidos Perdidos Aproveitamento
Pinheiro (1949-63) 49 41 8 83,67%
Fred (2009-20) 47 36 11 76,60%
Leomir (1983-88) 36 27 9 75,00%
Ézio (1991-95) 30 26 4 86,67%
Zezé (1977-81) 25 20 5 80,00%
Rodrigues (1945-50) 25 18 7 72,00%
Hércules (1935-42) 24 21 3 87,50%
Lula (1965-74) 23 19 4 82,61%
Orlando “Pingo de Ouro” (1945-53) 23 16 7 69,57%
Carlos Alberto Torres (1962-76) 22 18 4 81,82%
Gílson Nunes (1964-70) 22 18 4 81,82%
Roger (1996-04) 21 14 7 66,67%

Para estabelecer um ranking dos 10 maiores cobradores da história do clube vamos levar em conta os dois fatores: bom aproveitamento e um número significativo de cobranças. Excluindo-se aqueles que bateram menos de 10 pênaltis, os 10 jogadores com melhor aproveitamento e portanto (discutivelmente, é claro) os maiores cobradores da história do Fluminense são:

Cobrados Convertidos Perdidos Aproveitamento
1. Henrique Dourado (2016-18) 11 11 0 100,00%
2. Gabriel (2005-08) 17 16 1 94,12%
3. Paulo Roberto (1996-97) 12 11 1 91,67%
4. Joel (1948-54) 10 9 1 90,00%
5. Marinho Chagas (1977-78) 19 17 2 89,47%
6. Zezé (1915-28) 17 15 2 88,24%
7. Hércules (1935-42) 24 21 3 87,50%
8. Ézio (1991-95) 30 26 4 86,67%
9. Pinheiro (1949-63) 49 41 8 83,67%
10. Flávio (1969-71) 12 10 2 83,33%

Curiosidades:

– Quatro goleiros cobraram pênalti pelo Fluminense. O inglês Waterman bateu e marcou na vitória de 11×0 sobre o Riachuelo pelo Campeonato Carioca de 1908. Outro que converteu foi Kléber, na disputa de pênaltis contra o Treze de Campina Grande pelas quartas de final da Copa do Brasil de 2005. Já Ricardo Pinto e Diego Cavalieri perderam suas cobranças em disputas de pênaltis nas quais o Fluminense foi derrotado. O primeiro contra o Vasco no Campeonato Brasileiro de 1988 e o segundo contra o Botafogo nas semifinais do Carioca de 2015.

– Didi, um dos maiores craques de todos os tempos, foi o único jogador que perdeu dois pênaltis durante uma mesma partida. Aconteceu no dia 29 de Outubro de 1950, no empate contra o Madureira por 3×3 nas Laranjeiras, pelo Campeonato Carioca.

– Na versão anterior deste levantamento eu considerava que o lateral direito Paulo Roberto, que jogou pelo Fluminense nos terríveis anos de 1996 e 97, se igualava a Henrique Dourado com 100% de aproveitamento em 11 cobranças. No entanto encontrei mais uma, no jogo contra o Bangu do dia 27 de Abril de 1997. Tinha passado batido pois o jogador fez o gol no rebote. Mas o pênalti foi de fato perdido.

– O Torneio Início era o paraíso dos cobradores de pênalti. As partidas curtas na maior parte das vezes terminava empatada. Em algumas edições o desempate era feito pelo número de escanteios. Em outras, por disputa de pênaltis. Nesses casos, era pênalti que não acabava mais. Na edição de 1954 o veterano ponta Esquerdinha, craque do América nos anos 40, bateu 5 pênaltis na semifinal contra o Vasco, convertendo todos. Com bola rolando fez o gol do título na final contra o Flamengo, saindo como o herói da conquista. Na edição de 1960 Maurinho bateu todos os 8 pênaltis de sua passagem pelo Fluminense, também com 100% de acerto. O Flu foi vice-campeão. Já em 1965 o rei dos pênaltis foi Gílson Nunes. O ponta esquerda bateu e converteu nove pênaltis no caminho para a final. Na decisão contra o Flamengo foi substituído por Lula que cobrou os pênaltis e deu o título ao Fluminense.

Abaixo a relação de todos os 307 cobradores e seus respectivos números:

Cobrados Convertidos Perdidos Aproveitamento
Agnaldo (2000-02) 7 6 1 85,71%
Agnaldo Liz (2000-01) 1 1 0 100,00%
Airton (2018-19) 1 1 0 100,00%
Alan (2002-06) 1 1 0 100,00%
Alan (2008-10) 1 0 1 0,00%
Alessandro (2004) 1 1 0 100,00%
Alex (2001-07) 1 1 0 100,00%
Alex Oliveira (2003) 1 0 1 0,00%
Alexandre Cruz (1988-89) 2 1 1 50,00%
Alexandre Torres (1984-91) 6 5 1 83,33%
Alfredinho (1926-37) 1 0 1 0,00%
Almir (1979-81) 1 1 0 100,00%
Amauri (1982-83) 3 2 1 66,67%
Amoroso (1964-68) 10 6 4 60,00%
Anderson (1992) 2 2 0 100,00%
Anderson (2012-13) 1 1 0 100,00%
Andrei (1993-2002) 1 0 1 0,00%
Anito (1942-43) 1 1 0 100,00%
Antoninho (1957) 6 4 2 66,67%
Antônio Carlos (2003-15) 1 1 0 100,00%
Araújo (2011-12) 1 0 1 0,00%
Arouca (2004-08) 2 1 1 50,00%
Arturzinho (1976-79) 1 0 1 0,00%
Asprilla (2000-01) 1 0 1 0,00%
Assis (1968-75) 1 1 0 100,00%
Assis (1983-87) 1 0 1 0,00%
Bacchi (1919-22) 1 0 1 0,00%
Baptista (1913-18) 1 0 1 0,00%
Barata (1996-97) 1 1 0 100,00%
Bartholomeu (1912-16) 6 3 3 50,00%
Baztarrica (1944-45) 1 0 1 0,00%
Benedicto (1933) 1 1 0 100,00%
Beto (2005-06) 1 0 1 0,00%
Bobô (1991-92) 4 3 1 75,00%
Branco (1983-98) 4 3 1 75,00%
Brant (1933-41) 8 4 4 50,00%
Bruno Reis (1996-2000) 1 0 1 0,00%
Buchan (1905-09) 1 1 0 100,00%
Cacau (1988-89) 1 0 1 0,00%
Cafuringa (1967-77) 4 3 1 75,00%
Caio Henrique (2019) 1 1 0 100,00%
Calazans (1961-64) 1 1 0 100,00%
Careca (1946-48) 6 5 1 83,33%
Carlinhos (1973-79) 2 1 1 50,00%
Carlinhos (2007-08) 1 0 1 0,00%
Carlinhos (2010-14) 1 1 0 100,00%
Carlinhos Itaberá (1991-92) 4 3 1 75,00%
Carlos Alberto (1914-15) 1 1 0 100,00%
Carlos Alberto (2002-07) 9 7 2 77,78%
Carlos Alberto Torres (1962-76) 22 18 4 81,82%
Cássio (2009-10) 1 1 0 100,00%
César (2000-03) 1 0 1 0,00%
Chico Netto (1915-24) 12 9 3 75,00%
Chiquinho (1993) 1 1 0 100,00%
Cícero (2007-16) 8 5 3 62,50%
Cláudio (1994) 2 2 0 100,00%
Cláudio Adão (1980-81) 12 8 4 66,67%
Cocada (1989-90) 3 3 0 100,00%
Conca (2008-15) 14 11 3 78,57%
Cristóvão (1979-83) 2 1 1 50,00%
Dago (1987-91) 2 1 1 50,00%
De Mori (1929-36) 1 0 1 0,00%
Deco (2010-13) 1 1 0 100,00%
Deley (1980-87) 4 3 1 75,00%
Didi (1949-56) 19 14 5 73,68%
Diego Cavalieri (2011-17) 1 0 1 0,00%
Diego Souza (2003-16) 2 2 0 100,00%
Djair (1994-2003) 1 0 1 0,00%
Dodi (2018-20) 1 0 1 0,00%
Dodô (1994-2008) 4 2 2 50,00%
Donizete (1987-90) 2 1 1 50,00%
Donizete Amorim (2000) 1 0 1 0,00%
Douglas (2015-18) 1 1 0 100,00%
Doval (1976-78) 3 2 1 66,67%
Duílio (1983-85) 2 1 1 50,00%
Edevaldo (1977-81) 2 1 1 50,00%
Edgar (1987-90) 2 1 1 50,00%
Edinho (1973-89) 14 9 5 64,29%
Edinho (2011-13) 1 1 0 100,00%
Edmundo (2004) 5 5 0 100,00%
Édson (2014-16) 1 1 0 100,00%
Édson Mariano (1985-89) 3 3 0 100,00%
Édson Souza (1984-87) 1 1 0 100,00%
Eduardo (1985-94) 7 4 3 57,14%
Edwin Cox (1903-10) 3 2 1 66,67%
Emile Etchegaray (1903-10) 2 1 1 50,00%
Esquerdinha (1954) 8 7 1 87,50%
Evanílson (2018-20) 1 1 0 100,00%
Ézio (1991-95) 30 26 4 86,67%
Fabiano Eler (2005) 1 1 0 100,00%
Fabinho (2000-02) 1 1 0 100,00%
Fábio Bala (2002-04) 1 1 0 100,00%
Feléu (1994) 1 1 0 100,00%
Felipe (2005-13) 3 3 0 100,00%
Felipe Amorim (2016) 1 0 1 0,00%
Fernando Pacheco (2020) 1 1 0 100,00%
Flávio (1969-71) 12 10 2 83,33%
Flávio (1998-03) 1 1 0 100,00%
Flávio Guilherme (1982) 2 1 1 50,00%
Flávio Renato (1981-85) 1 0 1 0,00%
Floriano (1924-27) 2 0 2 0,00%
Fortes (1917-30) 7 5 2 71,43%
Franklin (1988-90) 1 0 1 0,00%
Fred (2009-20) 47 36 11 76,60%
Fumanchu (1978-79) 11 9 2 81,82%
Gabriel (2005-08) 17 16 1 94,12%
Gallo (1986) 1 1 0 100,00%
Galo (1909-11) 1 1 0 100,00%
Gama (1989-90) 1 0 1 0,00%
Gélson (1958) 1 0 1 0,00%
Geraldino (1944-46) 3 1 2 33,33%
Gérson (2015-16) 1 0 1 0,00%
Getúlio (1984-85) 2 0 2 0,00%
Gil (1974-76) 8 5 3 62,50%
Gilberto (2018-20) 2 0 2 0,00%
Gilcimar (1977-82) 1 0 1 0,00%
Gílson Gênio (1976-79) 1 1 0 100,00%
Gílson Nunes (1964-70) 22 18 4 81,82%
Guilherme (1997) 1 1 0 100,00%
Gum (2009-2018) 4 3 1 75,00%
Gustavo Scarpa (2014-17) 3 1 2 33,33%
Hélio (1989-90) 1 0 1 0,00%
Henrique (2016-17) 1 1 0 100,00%
Henrique Dourado (2016-18) 11 11 0 100,00%
Hércules (1935-42) 24 21 3 87,50%
Hudson (2020) 1 1 0 100,00%
Igor (2005) 1 1 0 100,00%
Ivan (1957-59) 3 3 0 100,00%
Jadílson (2003) 1 1 0 100,00%
Jádson (2018) 1 1 0 100,00%
Jair (1950-53) 3 1 2 33,33%
Jambo (1942-45) 2 1 1 50,00%
Jandir (1982-94) 4 3 1 75,00%
Jean (2012-15) 6 5 1 83,33%
João Pedro (2019) 1 0 1 0,00%
João Santos (1986-90) 3 3 0 100,00%
Joel (1948-54) 10 9 1 90,00%
Jorge Luís (1995-2000) 1 1 0 100,00%
Jorginho (1988) 1 1 0 100,00%
Jorginho (2000-01) 1 0 1 0,00%
Juan (2004-05) 3 3 0 100,00%
Julinho (1990-93) 1 1 0 100,00%
Júlio César (1999-2002) 3 3 0 100,00%
Juninho (2005-06) 1 0 1 0,00%
Juvenal (1946-48) 1 1 0 100,00%
Kenedy (2013-15) 1 0 1 0,00%
Kléber (2002-05) 1 1 0 100,00%
Laís (1916-24) 1 1 0 100,00%
Lanzini (2011-12) 1 0 1 0,00%
Lara (1935-37) 1 1 0 100,00%
Legey (1932) 1 1 0 100,00%
Leomir (1983-88) 36 27 9 75,00%
Leonardo (1994-96) 6 4 2 66,67%
Lino (2005) 1 1 0 100,00%
Lira (1992-95) 4 3 1 75,00%
Lucas (2017) 1 1 0 100,00%
Luciano (2018-19) 5 2 3 40,00%
Luiz Antônio (1994-95) 1 0 1 0,00%
Lula (1965-74) 23 19 4 82,61%
Machado (1917-22) 1 0 1 0,00%
Machado (1935-42) 8 5 3 62,50%
Magno Alves (1998-2016) 6 4 2 66,67%
Magnones (1942-45) 5 4 1 80,00%
Manfrini (1973-75) 6 5 1 83,33%
Manoel (1961-64) 1 1 0 100,00%
Maracaí (1942-44) 3 2 1 66,67%
Marcão (1999-2006) 3 3 0 100,00%
Marcelo (2005-06) 1 1 0 100,00%
Marco Brito (1995-2003) 3 3 0 100,00%
Marcos Júnior (2012-18) 3 3 0 100,00%
Marinho Chagas (1977-78) 19 17 2 89,47%
Mário (1958-1959) 1 1 0 100,00%
Mário (1977-82) 1 1 0 100,00%
Mário Jorge (1980-81) 1 1 0 100,00%
Marlon (2014-16) 1 1 0 100,00%
Marlone (2015) 1 1 0 100,00%
Marquinho (1989) 1 1 0 100,00%
Marquinho (2009-2017) 2 2 0 100,00%
Marquinhos (1990) 2 1 1 50,00%
Maurinho (1959-63) 8 8 0 100,00%
Maurinho (1983-85) 1 1 0 100,00%
Mazola (1992) 1 1 0 100,00%
Michel Araújo (2020) 1 0 1 0,00%
Milani (1939-40) 1 1 0 100,00%
Milton (1951-55) 1 1 0 100,00%
Nascimento (1921-29) 1 1 0 100,00%
Nei Dias (1982) 2 2 0 100,00%
Neinha (1980-81) 1 1 0 100,00%
Nélio (1967-70) 6 3 3 50,00%
Nenê (2019-20) 6 6 0 100,00%
Nilo (1923-26) 1 0 1 0,00%
Norival (1940-45) 1 0 1 0,00%
Nunes (1978-79) 3 1 2 33,33%
Odair Hellmann (1999) 1 1 0 100,00%
Oldair (1961-65) 4 4 0 100,00%
Oliveira (1966-73) 1 1 0 100,00%
Orlando “Pingo de Ouro” (1945-53) 23 16 7 69,57%
Osvaldo (2015-17) 1 0 1 0,00%
Oswaldo Gomes (1906-21) 1 1 0 100,00%
Paschoal (1945-47) 3 2 1 66,67%
Paulinho (1959-63) 1 0 1 0,00%
Paulinho (1982-92) 4 3 1 75,00%
Paulinho Andrioli (1987-90) 1 0 1 0,00%
Paulinho McLaren (1997) 3 3 0 100,00%
Paulo Afonso (1992) 1 1 0 100,00%
Paulo César “Caju” (1975-76) 2 0 2 0,00%
Paulo César (1997-2009) 8 6 2 75,00%
Paulo Henrique Ganso (2019-20) 3 2 1 66,67%
Paulo Roberto (1996-97) 12 11 1 91,67%
Pedro (2016-19) 6 6 0 100,00%
Petkovic (2005-06) 9 5 4 55,56%
Pinhegas (1944-48) 2 2 0 100,00%
Pinheiro (1949-63) 49 41 8 83,67%
Pintinho (1973-85) 3 3 0 100,00%
Pinto (1930-32) 1 0 1 0,00%
Polaco (1988-89) 4 3 1 75,00%
Preguinho (1925-38) 14 10 4 71,43%
Quincas (1951-56) 7 7 0 100,00%
Radamés (2005-09) 1 1 0 100,00%
Rafael Moura (2007-12) 6 3 3 50,00%
Rafael Sóbis (2011-14) 2 2 0 100,00%
Ramon (2001-04) 3 3 0 100,00%
Rangel (1986-91) 6 6 0 100,00%
Régis (2000-02) 2 2 0 100,00%
Renatinho (1992-93) 2 1 1 50,00%
Renatinho (2003) 1 0 1 0,00%
Renato (1990-92) 1 1 0 100,00%
Renato (2015-2017) 1 1 0 100,00%
Renato Chaves (2016-18) 1 1 0 100,00%
Renato Gaúcho (1995-97) 4 4 0 100,00%
Renato Martins (1984-87) 1 0 1 0,00%
Renê (1984-92) 1 1 0 100,00%
Rhayner (2013) 2 0 2 0,00%
Ribamar (1991) 1 1 0 100,00%
Ricardo Gomes (1983-88) 7 5 2 71,43%
Ricardo Pinto (1987-93) 1 0 1 0,00%
Richarlison (2016-17) 5 4 1 80,00%
Rinaldo (1967) 7 7 0 100,00%
Rinaldo (1989-90) 5 2 3 40,00%
Robert (2013-17) 1 1 0 100,00%
Robertinho (1978-82) 3 2 1 66,67%
Roberto (1956-63) 1 0 1 0,00%
Roberto Pinto (1966-67) 1 1 0 100,00%
Robinho (2017-18) 3 3 0 100,00%
Rodolfo (2002-04) 2 1 1 50,00%
Rodrigo Carbone (1994-96) 1 1 0 100,00%
Rodrigues (1945-50) 25 18 7 72,00%
Rodrigues Neto (1976-77) 1 0 1 0,00%
Rodriguinho (2010-11) 1 0 1 0,00%
Roger (1996-2004) 21 14 7 66,67%
Rogerinho Galo (1992-95) 2 2 0 100,00%
Romarinho (2017-18) 1 0 1 0,00%
Romário (2002-04) 20 16 4 80,00%
Romerito (1984-89) 20 14 6 70,00%
Ronald (1995-97) 6 5 1 83,33%
Rongo (1940-41) 3 3 0 100,00%
Roni (1997-2009) 15 8 7 53,33%
Rubens Galaxe (1971-82) 2 1 1 50,00%
Rubinho (1947-49) 1 1 0 100,00%
Russo (1933-44) 19 13 6 68,42%
Said (1933) 1 1 0 100,00%
Schneider (2005) 1 1 0 100,00%
Silas (1949-51) 5 3 2 60,00%
Silveira (1966-75) 8 6 2 75,00%
Sílvio (1988-90) 1 1 0 100,00%
Simões (1944-53) 2 1 1 50,00%
Sobral (1934-38) 3 2 1 66,67%
Somália (2007-08) 3 2 1 66,67%
Sorato (2003) 2 1 1 50,00%
Sornoza (2017-18) 2 0 2 0,00%
Souza (2011-12) 2 1 1 50,00%
Tartá (2007-11) 1 0 1 0,00%
Telê (1950-61) 3 1 2 33,33%
Thiago Carleto (2012) 1 1 0 100,00%
Thiago Neves (2007-13) 9 6 3 66,67%
Thiago Silva (2006-08) 3 3 0 100,00%
Tim (1937-44) 4 2 2 50,00%
Toninho (1970-75) 2 2 0 100,00%
Túlio (1999) 1 0 1 0,00%
Tuta (2005-06) 9 8 1 88,89%
Uidemar (1996) 4 3 1 75,00%
Valdeir (1995-96) 1 1 0 100,00%
Valdenir (1995-96) 1 1 0 100,00%
Vânder Luiz (1989-90) 2 2 0 100,00%
Vasco (1963) 1 0 1 0,00%
Vicentino (1933-38) 2 2 0 100,00%
Vidal (1913-21) 1 1 0 100,00%
Villalobos (1951-54) 4 3 1 75,00%
Votorantim (1934-35) 1 0 1 0,00%
Wagner (1991-93) 1 0 1 0,00%
Waldo (1954-61) 5 3 2 60,00%
Walter (1933-35) 2 2 0 100,00%
Washington (1983-89) 12 8 4 66,67%
Washington (2008-10) 12 8 4 66,67%
Waterman (1906-10) 1 1 0 100,00%
Welfare (1913-24) 2 1 1 50,00%
Wellington Silva (2010-20) 1 1 0 100,00%
Wellington Silva (2013-16) 1 1 0 100,00%
Wellington Nem (2012-19) 1 1 0 100,00%
Welton (1994) 1 0 1 0,00%
Yan (1997-2002) 5 4 1 80,00%
Yony González (2019) 2 1 1 50,00%
Zé Mário (1975) 1 1 0 100,00%
Zé Roberto (1971-75) 1 1 0 100,00%
Zezé (1915-28) 17 15 2 88,24%
Zezé (1977-81) 25 20 5 80,00%
Zezé Gomes (1979-85) 4 4 0 100,00%

Foto: LUCAS MERÇON/FLUMINENSE FC

Cem Anos de Pó de Arroz

Quase passou em branco. Acabo de receber um e-mail do grande tricolor Alexandre Berwanger me lembrando do fato de que hoje, exatamente hoje, dia 13 de maio de 2014, completam-se 100 anos que o Fluminense virou pó de arroz.

É bem provável que ele esteja certo pois foi no dia 13/5/1914 que o ex-americano Carlos Alberto jogou pelo Fluminense contra seu ex-clube pela primeira vez. E como todo tricolor que se preza sabe bem, partiu de uma provocação da torcida do América chamá-lo de pó de arroz.

Em tempos de bananas atiradas no gramado e homenagens a técnicos negros (para demitir no dia seguinte), é sempre bom relembrar um pouco essa história. Mas relembrar direito, do jeito que realmente foi, e não a releitura histórica promovida por nossos rivais, que tentam com isso, de forma risível, atribuir uma pecha racista ao Fluminense.

Em primeiro lugar é preciso deixar claro que o Fluminense teve jogadores negros antes do Carlos Alberto. Na foto que ilustra este post (de 1910) vemos por exemplo o jogador Alfredo Guimarães, que jogou pelo Fluminense entre 1910 e 1911. Bem antes do Carlos Alberto portanto.

A foto por si só joga por terra qualquer tese de que negros não podiam jogar no Fluminense.

Em segundo lugar, é sabido que o Carlos Alberto já passava pó de arroz antes de ser do Fluminense, quando era jogador do América. Não existe nenhum relato do jogador ter sido obrigado ou constrangido a passar pó de arroz quando ingressou no Fluminense. Ele assim o fez porquê quis e porquê já tinha esse hábito. A própria provocação de “xingar” o jogador de pó de arroz partiu justamente da torcida do América, que sabia de seu hábito e provavelmente estava com dor de cotovelo pelo fato do jogador ter trocado o clube rubro pelo Flu.

Entendo a provocação dos torcedores americanos, essa sim, como uma possível manifestação racista. Algo como: “sabemos que você é negro. Esse pó de arroz no rosto não me engana”. É uma interpretação cabível.

O livro “Negro no futebol brasileiro” relata casos explícitos de racismo no Botafogo, no Flamengo, no América e na Seleção Brasileira. Mas foi justo o Fluminense, por causa de um jogador que tinha por hábito passar pó de arroz no rosto desde antes de jogar no Fluminense, e que por essa razão foi hostilizado por outra torcida que não a do Fluminense, que ficou estigmatizado. Vai entender.

Vale lembrar que Friedenreich, o maior craque brasileiro dos tempos do amadorismo, filho de pai alemão e mãe negra, em atitude semelhante à do Carlos Alberto passava horas no vestiário antes de cada partida alisando seu cabelo. E nem por isso, qualquer dos clubes pelos quais ele atuou foi acusado de racismo.

Por último, fico com o depoimento dado pelo Cristóvão Borges em recente participação no programa Bem Amigos. No Fluminense, nunca sentiu qualquer preconceito com relação à cor da sua pele. Já no Vasco, ainda que veladamente, sentiu.

O Vasco aliás se vangloria de seu pioneirismo com relação a inclusão dos negros no futebol. Um pioneirismo falso. Jogadores negros e mulatos atuaram por clubes como Bangu, Andaraí e o próprio Fluminense muito antes do Vasco sequer ter um time de futebol.

E a torcida do Fluminense desde aquela época já transformava limão em limonada. Transformou ofensa em um dos símbolos mais bonitos do futebol brasileiro.

Texto publicado originalmente na minha página pessoal no Facebook em 13 de Maio de 2014.

A foto que ilustra o post é do jogo Botafogo 3 x 0 Fluminense, dia 26/6/1910, pelo campeonato carioca de segundos quadros. Pertence ao acervo do Fluminense FC.
Em pé: Ernesto Paranhos, Coimbra e Dale
Agachados: Raul Brandão, Harold Cox e Alfredo Guimarães
Sentados: Renato Miranda, Alfredo Rocha, Humberto, Gustavo de Carvalho e Loup
Alfredo Guimarães chegou a jogar também pelo primeiro quadro.

O Recorde do Miguel

Ao entrar em campo na última quarta-feira contra o Cruzeiro no Mineirão o garoto Miguel Silveira dos Santos, nascido no dia 26 de Março de 2003, tornou-se o jogador mais jovem a vestir a camisa tricolor na era profissional (a partir de 1933).

O recorde pertencia desde 1965 ao atacante Walmir que jogou pelo Fluminense apenas até o ano seguinte e depois passou por times como Campo Grande, Nacional de Manaus e Santa Cruz.

Veja abaixo o ranking dos 10 mais jovens da história do Fluminense:

Top10-Fluminense

 

A lista conta com nomes badalados de Xerém como o atacante Wellington Silva, os meias Carlos Alberto e Robert, e o lateral direito Wallace.

Conta ainda com Evaldo, excelente atacante que fez dupla com Tostão no timaço do Cruzeiro campeão brasileiro de 1966.

Há também nomes pouco lembrados ou mesmo pouco conhecidos como o ponta-esquerda Oswaldo, um bom reserva nos anos 50, Beto, também ponta-esquerda, com pouquíssimos jogos entre os profissionais nos anos 60, e Célio, volante revelado em Xerém que estreou na mesma partida que Carlos Alberto mas não teve muitas oportunidades.

Com 17 anos e 115 dias em sua estreia, João Pedro passou perto de entrar na lista dos 10 mais jovens.

Vale esclarecer que esse ranking se refere apenas ao período profissional. Nos primórdios do período amador o futebol era disputado predominantemente por jovens estudantes. Era comum nessa época jogadores estrearem com 16 ou até mesmo 15 anos.

Foto: LUCAS MERÇON/FLUMINENSE FC

Vai pagar?

Tem gente que diz que o Eurico Miranda botou o Fluminense na série A em 2000. Não sei se é verdade.

O que é verdade, fato, é que o Fluminense botou o Flamengo na série A do Campeonato Carioca em 1912. Nunca cobrou, nunca jogou na cara, nunca mandou pagar a série B. Só botou.

Não seria estranho se o Fluminense, naquela oportunidade, tivesse tentado fazer algum tipo de retaliação ao Flamengo, afinal era justamente o clube que recebera os jogadores tricolores que, liderados por Alberto Borgerth, haviam abandonado as Laranjeiras após ganhar o título de 1911. Mas ao contrário, o Fluminense botou o seu futuro maior rival na primeira divisão e com um cata-cata de jogadores do segundo quadro venceu o primeiro Fla-Flu.

O trecho do livro “Histórias do Flamengo” reproduzido abaixo relata os acontecimentos da época. O autor do livro é Mário Filho. Rubro-negro, insuspeito, reconhecidamente um dos maiores nomes da história do jornalismo esportivo brasileiro.

Histórias1

Historias2

Mário Polo, citado no texto, foi um grande dirigente do Fluminense na primeira metade do século XX, chegando inclusive a ser presidente do clube.

Muita gente imagina que o rubro-negro começou a disputar o campeonato diretamente na primeira divisão porque na época não existia outra. Não é verdade. A segunda divisão já existia e poucos anos depois seria criada também a terceira. O Vasco por exemplo, começou a disputar futebol em 1916 e só chegou à primeira divisão em 1923. O Flamengo não precisou passar por isso.

Por mais que o tempo passe a história não se apaga.

Faltam 7 minutos

O Fluminense entra em campo hoje contra o Internacional em Porto Alegre para afastar de vez qualquer possibilidade de rebaixamento e também para evitar um incomodo recorde: se não marcar um gol até os 6 minutos de jogo o time chegará ao maior jejum de gols da história do clube.

Atualmente a pior marca é de 588 minutos e aconteceu no ano de 1985, em condições bem mais glamourosas que a “seca” atual. Começou em uma vitória sobre o Real Madrid, passou por uma Taça Libertadores e terminou no início da campanha de um tricampeonato.

No dia 11 de agosto daquele ano o Fluminense enfrentou o Real Madrid no estádio Riazor, em La Coruña, decidindo o terceiro lugar do torneio Teresa Herrera. Na véspera o Flu havia sido derrotado pelo Porto, perdendo a chance de conquistar o bicampeonato do torneio.

Se o Real Madrid não era a força avassaladora dos dias atuais, contava com jogadores de fama internacional como Butragueño, Hugo Sanchez e Valdano (campeão mundial no ano seguinte). Ou ainda o meia Michel, aquele que marcou um gol legítimo contra o Brasil na Copa do México, não validado pelo árbitro.

O Fluminense abriu a contagem através de Washington logo aos 12 minutos de jogo e ampliou com um gol de Assis aos 23. Não marcou nos 67 minutos restantes, se dando ao luxo inclusive de perder um pênalti, cobrado por Romerito no segundo tempo. Os 2×0 ficaram de bom tamanho.

Depois disso o ataque tricolor passou em branco nos quatro compromissos que faltavam pela Taça Libertadores da América e na estreia do Campeonato Carioca, contra o Vasco.

A agonia só foi encerrada na segunda rodada da competição, no pequeno estádio da Rua Teixeira de Castro, quando Renê, de cabeça, fez o gol da vitória sobre o Bonsucesso aos 26 minutos do segundo tempo. A partir dali o time arrancou para a conquista histórica do tricampeonato estadual.

Renê marca de cabeça contra o Bonsucesso e encerra o maior jejum de gols da história do Fluminense. Recorde negativo pode ser batido hoje (foto: Jornal dos Sports)

O jejum atual já dura intermináveis 582 minutos. Com mais sete será o maior de toda a história do clube.

O jejum de 1985:
11/08/1985 – Fluminense 2 x 0 Real Madrid-ESP – Teresa Herrera (67 minutos)
15/08/1985 – Fluminense 0 x 0 Vasco-RJ – Libertadores (90 minutos)
20/08/1985 – Ferrocarril Oeste-ARG 1 x 0 Fluminense – Libertadores (90 minutos)
23/08/1985 – Argentinos Juniors-ARG 1 x 0 Fluminense – Libertadores (90 minutos)
27/08/1985 – Fluminense 0 x 0 Ferrocarril Oeste-ARG (Libertadores) 90 minutos
01/09/1985 – Fluminense 0 x 0 Vasco-RJ – Carioca (90 minutos)
04/09/1985 – Bonsucesso-RJ 0 x 1 Fluminense – Carioca (71 minutos)
Total: 588 minutos

O Jejum de 2018:
31/10/2018 – Nacional-URU 0 x 1 Fluminense – Sul-Americana (42 minutos)
03/11/2018 – Vasco-RJ 1 x 0 Fluminense – Brasileiro (90 minutos)
07/11/2018 – Atlético-PR 2 x 0 Fluminense – Sul-Americana (90 minutos)
11/11/2018 – Fluminense 0 x 0 Sport-PE- Brasileiro (90 minutos)
14/11/2018 – Palmeiras-SP 3 x 0 Fluminense – Brasileiro (90 minutos)
19/11/2018 – Fluminense 0 x 0 Ceará-CE – Brasileiro (90 minutos)
22/11/2018 – Bahia 2 x 0 Fluminense – Brasileiro (90 minutos)
Total: 582 minutos

O Bastão de Revezamento e os bastões miniatura do Campeonato Carioca

Uma curiosa premiação outorgada aos clubes campeões cariocas de 1937 a 1973 foi o Bastão de Revezamento. Por iniciativa do Fluminense a premiação foi instituída em 1948. Um belíssimo bastão de prata de posse transitória que passaria das mãos do clube campeão para o campeão seguinte, ano após ano.

A posse definitiva do bastão ficaria com o clube que conquistasse cinco títulos consecutivos ou dez alternados, contando-se a partir de 1937. O motivo da escolha dessa data inicial foi tratar-se do ano de fundação da Federação Metropolitana de Football, ano da pacificação e do fim da cisão no futebol carioca.

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O Bastão de Revezamento, premiação concedida aos campeões cariocas de 1937 a 1973

Os nomes dos campeões de 1937 a 1947 foram gravados no bastão, que foi entregue ao Vasco da Gama, então o atual campeão, no dia 23 de Junho de 1948. A partir daí o bastão foi sendo transmitido ano a ano para o novo campeão, geralmente em cerimônia realizada na primeira partida entre os dois clubes no campeonato subsequente.

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Abertura do Campeonato Carioca de 1961: Fluminense (campeão de 59) x América (campeão de 60). Antes da partida o presidente tricolor Jorge Frias de Paula passa o Bastão de Revezamento para o presidente americano Waldir Motta. Foto: O Globo.

Quando o bastão foi instituído em 1948, sua regulamentação previa ainda que a Federação concedesse uma premiação anual definitiva ao campeão: uma miniatura do bastão. Essa ideia no entanto só foi posta em prática em 1961, ocasião em que a entidade, de uma tacada só, concedeu sete bastões em miniatura ao Fluminense (referentes aos títulos de 1937, 38, 40, 41, 46, 51 e 59), sete ao Flamengo (1939, 42, 43, 44, 53, 54 e 55), sete ao Vasco (1945, 47, 49, 50, 52, 56 e 58), dois ao Botafogo (1948 e 57) e um ao América (1960).

O Fluminense conquistou o direito à posse definitiva do bastão de revezamento em 1971, ano em que alcançou seu décimo título a partir de 1937, porém o regulamento da premiação se extraviou na Federação. Em 1972 e 73 o bastão continuou a ser passado de campeão para campeão, o nome do campeão continuou a ser gravado e os bastões miniatura continuaram sendo concedidos. Apenas em 1974 o Fluminense conseguiu comprovar seu direito à posse definitiva.

Uma curiosidade: o bastão miniatura referente ao título de 1964 nunca foi entregue ao Fluminense. É possível que existam lacunas semelhantes nas premiações aos demais clubes, por falha da Federação.

O Bastão de Revezamento, um prêmio de grande relevância que representa uma era extraordinária do futebol carioca, abrangendo as décadas de 1930 a 1970, está atualmente exposto na Sala de Troféus do Fluminense, assim como os 10 bastões em miniatura que o clube possui, referentes aos seus títulos de 1937 a 1973, exceto 1964.

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O Bastão de Revezamento e os 10 bastões miniatura conquistados pelo Fluminense (1937, 38, 40, 41, 46, 51, 59, 69, 71 e 73). A lacuna é referente ao bastão entregue ao Fluminense pelo campeonato de 1940, que estava em processo de restauração. O Fluminense não recebeu da Federação a miniatura do bastão por 1964

A Federação só passou a entregar regularmente um troféu ao campeão de cada ano na segunda metade da década de 1950. Antes disso, tirando alguns casos isolados, a premiação era feita com troféus de posse transitória. Além do Bastão de Revezamento existiram a Taça Colombo, a Taça Municipal e a Taça AMEA.

A Taça Colombo, o troféu de 1906 a 1919

O primeiro troféu do campeonato carioca foi a Taça Colombo. Ela foi entregue a todos os campeões de 1906 a 1919. Sua posse era provisória e ela ficaria em definitivo com o clube que conquistasse o campeonato três vezes seguidas, feito obtido pelo Fluminense em 1917, 18 e 19. Ela possui esse nome pois foi ofertada em 1906 pela Casa Colombo, importante loja de artigos masculinos da época.

Vale ressaltar que o Fluminense não ficou com a taça em definitivo já em 1908 porque o título de 1907 só foi reconhecido oficialmente décadas depois.

A Taça Municipal, o troféu de 1908 a 1924

Em 1908, a Taça Municipal foi instituída pelo Prefeito da cidade do Rio de Janeiro, Sousa Aguiar. Sua posse era transitória, da mesma forma que a Taça Colombo, mas não havia uma condição para que um clube ficasse em definitivo com ela. A Taça Municipal foi entregue a todos os campeões da Liga Metropolitana de Sports Athléticos (LMSA), de 1908 a 1916, e da Liga Metropolitana de Desportos Terrestres (LMDT), de 1917 a 1924.

De 1908 a 1919, os campeões do Rio receberam portanto a Taça Colombo e a Taça Municipal pela conquista do campeonato. Como a Taça Colombo ficou com o Fluminense em 1919, tudo indica que a Taça Municipal foi o único troféu oficial entregue pela LMDT aos campeões de 1920 (Flamengo), 1921 (Flamengo), 1922 (America), 1923 (Vasco) e 1924 (Vasco).

Em 1924, o Rio teve dois campeonatos. O Vasco, campeão pela LMDT, recebeu a Taça Municipal. O Fluminense, campeão do primeiro campeonato organizado pela Associação Metropolitana de Esportes Athléticos (AMEA), recebeu a Taça AMEA.

Mesmo com o campeonato da AMEA sendo o principal da cidade, a LMDT seguiu organizando seus campeonatos e entregando aos seus campeões a Taça Municipal. Em 1925, o campeão foi o Engenho de Dentro. Em 1932, o S.C. Boa Vista foi seu último campeão. O paradeiro atual da taça é desconhecido.

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O time do Fluminense, campeão carioca de 1908, com as taças Colombo e Municipal. Novamente campeão em 1909, o Fluminense passaria os dois troféus em 1910 ao Botafogo, quando a equipe alvinegra conquistou o campeonato

 

1908-taca-colombo-taca-municipal

No detalhe a Taça Colombo, à esquerda, e a Taça Municipal, à direita.

A Taça AMEA, o troféu de 1924 a 1934

A partir de 1924, a AMEA passou a entregar a Taça AMEA, que da mesma forma que a Taça Colombo, seria de posse transitória até que um clube conquistasse um tricampeonato. O Fluminense deteve a taça apenas na conquista do título de 1924 e sua posse definitiva ficou com o Botafogo pelos títulos de 1932, 33 e 34.

Este post foi escrito em parceria com os historiadores Jorge Priori e Auriel de Almeida. Uma versão com mais informações sobre as premiações oficiais do Campeonato Carioca está disponível no blog Historiadores dos Esportes.

As Laranjeiras Imortais

Quantos clubes no Brasil tem um campo de futebol no mesmo local há 113 anos? É bem possível que apenas um: o Fluminense. Considera-se a inauguração do Estádio das Laranjeiras, atualmente Estádio Manoel Schwartz, como tendo ocorrido em 1919, quando foram construídas arquibancadas ao redor de todo o gramado, mas o campo do Fluminense sempre foi naquele local. Desde o primeiro jogo “em casa”, em 1904. Trata-se de um estádio com inestimável valor histórico, onde o futebol brasileiro deu seus primeiros passos e onde a Seleção Brasileira fez sua primeira partida.

CRONOLOGIA DO ESTÁDIO:

Ainda em 1902, ano da fundação do clube, o Fluminense alugou ao Banco da República o terreno para construir seu campo de futebol. O terreno ficava na Rua Guanabara, que viraria Rua Pinheiro Machado em 1915. Em razão disso, por muitos anos o campo do Fluminense ficou popularmente conhecido como campo da Rua Guanabara.

Em 1903 foi realizado o nivelamento do terreno. Para cortar a grama o clube importou da Inglaterra máquinas de tração animal. As máquinas eram puxadas pelo célebre burro Faísca, que usava luvas nas patas para não danificar o gramado.

Em 14 de Agosto de 1904 o campo foi finalmente inaugurado. 996 pessoas pagaram ingresso para ver o jogo entre Fluminense e Paulistano. Os paulistas levaram a melhor, vencendo por 3×0.

Em 1905 foi construída a primeira arquibancada, na lateral do campo onde hoje se encontra a social. Além disso, a humilde casinha que ficava atrás de um dos gols e servia como sede do clube foi demolida e em seu lugar foi construída uma mais ampla.

Arquibancada1905

Primeira arquibancada do Fluminense, construída em 1905

FFC1905

Detalhe da belíssima arquibancada de 1905. As iniciais FFC aparecem entrelaçadas de uma forma diferente do escudo

Sede1905

A sede erguida em 1905, atrás do gol oposto à Rua Pinheiro Machado

Entre 1905 e 1915 nossa casa era assim: em uma das laterais do campo havia uma pequena arquibancada que sequer ocupava toda a sua extensão. No restante do gramado havia apenas uma cerca, atrás da qual o público assistia aos jogos de pé. Ainda assim era o principal campo da Capital Federal. E não por acaso, foi aí que a Seleção Brasileira fez seu primeiro jogo. No dia 21 de Julho de 1914, aniversário do clube, a Seleção enfrentou os profissionais do Exeter City, da Inglaterra. Oswaldo Gomes do Fluminense abriu o marcador para os brasileiros, eternizando-se como o primeiro goleador da Seleção, e Osman, do América, deu números finais ao placar: 2×0.

Brasil x Exeter 1914

Brasil 2 x 0 Exeter, em 1914. Na lateral próxima ao Palácio Guanabara e atrás do gol da Rua Pinheiro Machado há apenas uma cerca

campo

Campo do Fluminense entre 1905 e 1915. À esquerda é possível ver a sombra da primeira arquibancada. O restante do gramado é apenas cercado

O interesse pelo futebol era cada vez maior e em 1915 o Fluminense ampliou suas dependências. A arquibancada lateral foi ampliada em 24 metros, tomando quase toda a extensão do campo, e gerais de madeira foram construídas na lateral oposta e atrás dos gols. O campo passou a ter a capacidade de 5.000 espectadores. A casa/sede atrás do gol foi novamente substituída por uma mais moderna.

Arquibancada1915

Arquibancada com as ampliações laterais feitas em 1915

Sede1915

A bonita sede construída em 1915, atrás do gol

Em 1917 o Brasil foi escolhido pela Confederação Sul-Americana de Futebol como sede do terceiro Campeonato Sul-Americano de Seleções (atual Copa América) que seria disputado no ano seguinte. Sem ter a estrutura necessária nem capacidade para erguê-la, a CBD pede ajuda ao Fluminense. Tendo a frente a extraordinária figura de seu presidente Arnaldo Guinle o Fluminense aceita o desafio e em 1918 inicia a construção do estádio.

O Campeonato Sul-Americano de 1918 acabou sendo adiado para 1919 devido à pandemia de gripe espanhola que assolou o mundo naquele ano matando milhões de pessoas. Em meio a tudo isso o Fluminense tinha um campeonato para jogar. Campeão em 1917 e lutando portanto pelo bicampeonato o Tricolor ficou sem seu campo logo nas primeiras rodadas, devido as obras de construção do estádio. Sem casa, jogando nos campos do Botafogo e do Flamengo, o Fluminense se deu ao luxo de conquistar o título com uma rodada de antecedência. Com medo da gripe, abriu mão do último jogo, perdendo por WO para o modesto Carioca, fato raríssimo na história do clube que só se repetiria em 1986.

Em 1919 a aventura de construir o primeiro estádio do país com arquibancadas ao redor de todo o campo estava completa. Sem um único centavo de financiamento público, levantando fundos apenas através de empréstimos bancários contraídos por Arnaldo Guinle e de um livro de ouro que correu entre os sócios. Curiosamente a belíssima arquibancada usada entre 1905 e 1917 foi desmontada e vendida ao Sport Recife, sendo usada por aquele clube por mais alguns anos.

A inauguração do estádio das Laranjeiras aconteceu no dia 11 de Maio de 1919. Abrindo o Campeonato Sul-Americano a Seleção Brasileira goleou a chilena por 6×0. Todos os jogos da competição foram nas Laranjeiras. Um estrondoso sucesso, levando o futebol a um nível de popularidade inimaginável até então. Com três atletas do Fluminense, Marcos, Fortes e Laís, o Brasil conquistou a América pela primeira vez.

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Visão do estádio construído em 1919, considerado o primeiro do país, e que existiu apenas até 1922

Arquibancada1919

Arquibancada de 1919

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Detalhe da arquibancada de 1919. Atrás dos gols havia uma pequena cobertura

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18/5/1919 – Brasil 3 x 1 Argentina (Campeonato Sul-Americano)

Ainda em 1919, mais precisamente no dia 21 de Dezembro, o Fluminense levantaria o tricampeonato vencendo o Flamengo nas Laranjeiras por 4×0. Um jogo histórico que atraiu uma multidão impressionante para os padrões da época ao estádio do Flu.

Em 18 de Novembro de 1920 foi inaugurada a majestosa sede social do clube, colada nas arquibancadas sociais.

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Sede social inaugurada em 1920

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Visão panorâmica do estádio de 1919 já com a sede inaugurada em 1920

Para o ano de 1922 estavam previstos dois novos eventos esportivos de grande importância. Para celebrar o centenário da Independência do Brasil seriam realizados os Jogos Olímpicos Latino-Americanos. Além disso o país sediaria uma nova edição do Campeonato Sul-Americano de Futebol. O governo brasileiro e a CBD mais uma vez tiveram que recorrer ao Fluminense, a maior organização desportiva do país. O estádio construído em 1919 seria pequeno para as competições que estavam por vir e seria necessário ampliá-lo.

A arquibancada construída apenas três anos antes foi então demolida. Somente a social foi mantida e ampliada para as laterais, passando a ocupar toda a extensão do campo. Uma nova arquibancada, de dois andares, foi erguida no lugar da antiga, fechando o anel em torno do campo.

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Visão panorâmica do estádio de 1922

Os eventos esportivos foram mais uma vez realizados com grande sucesso. Por coincidência a inauguração do novo estádio ocorreu novamente em um confronto entre Brasil e Chile abrindo o Sul-Americano. O resultado foi um empate por 1×1. Desta vez contando com cinco jogadores do Fluminense no elenco (os mesmos Marcos, Fortes e Laís de 1919, e mais Chico Netto e Zezé) o Brasil conquistou o Sul-Americano pela segunda vez.

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Campeonato Sul-Americano de 1922

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Jogos Olímpicos Latino-Americanos de 1922

O Fluminense recebeu amplo reconhecimento do Comitê Olímpico Internacional pelos serviços prestados ao esporte na organização dos Jogos Latino-Americanos.

Carta Baillet Latour

Carta enviada pelo Conde Henri de Baillet-Latour, membro do Comitê Olímpico Internacional, ao presidente do Fluminense Arnaldo Guinle, congratulando-o pela realização dos Jogos Latino-Americanos de 1922. O belga Latour viria a ser Presidente do COI no período de 1925 a 1942.

Em 1928 foram inaugurados os refletores do estádio. A primeira partida noturna ocorreu no dia 21 de Junho. Um amistoso entre a Seleção Carioca e o Motherwell, da Escócia, que terminou empatado em 1×1. Mais ou menos nessa época o estádio recebeu a visita de importantes clubes europeus como Chelsea, Sporting e Ferencvaros, em suas excursões pela América do Sul.

Nas décadas seguintes o Estádio das Laranjeiras continuou sendo o palco principal dos jogos do Fluminense, mas com a inauguração do Maracanã, em 1950, passou a ser utilizado apenas para os jogos de menor porte.

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Em 1959 o “English Team” treina nas Laranjeiras para enfrentar o Brasil (Foto: Ultima Hora)

Em 1961, após longa negociação com o Governo do Estado da Guanabara, a área onde se localizavam as arquibancadas atrás do gol da Rua Pinheiro Machado foi desapropriada para que a rua fosse alargada. O estádio sofreu uma significativa mutilação perdendo sua fachada, suas bilheterias originais e as arquibancadas que formavam um anel completo passaram a ter o formato de ferradura. Pela desapropriação o Fluminense recebeu uma indenização de 50 milhões de cruzeiros e mais o terreno na esquina das ruas Pinheiro Machado e Álvaro Chaves, onde hoje se encontra o parquinho do clube. Para se ter uma ordem de grandeza, naquele mesmo ano o clube vendeu o centroavante Waldo para o Valencia da Espanha por cerca de 20 milhões. No dia 21 de Dezembro de 1961 a demolição foi iniciada.

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Diário de Notícias, 22/12/1961

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Início da demolição da arquibancada (Foto: Revista do Fluminense)

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A fachada do estádio que foi demolida em 1961

Um jogo trágico contra o Olaria na noite de 22 de Julho de 1970 marcou o fim de mais uma era para o estádio. Em campo o Fluminense foi derrotado por 1×0, perdendo pontos preciosos para a disputa do título carioca daquele ano (O Vasco foi campeão um ponto à frente do Flu). Fora de campo o ex-diretor de futebol José Herculano sofreu um enfarto durante o segundo tempo, quando o Fluminense pressionava em busca do empate, e veio a falecer. Após este jogo o clube ficou longos anos sem utilizar o estádio para jogos oficiais. Em um período de quase 16 anos até ele voltar a ser utilizado regularmente em 1986, apenas um inexpressivo amistoso contra a Seleção do Kuwait foi realizado em 1980 (vitória tricolor por 3×0).

No dia 2 de Fevereiro de 1986 o estádio foi reaberto com um amistoso festivo entre Fluminense e São Paulo. Um tira-teima entre os campeões carioca e paulista do ano anterior cujo resultado foi um empate por 2×2. Abria-se uma nova fase para o estádio, que voltou a ser usado com frequência, em alguns momentos até mais que o Maracanã.

Entre 1986 e 2003, quando foi utilizado pela última vez, o Fluminense realizou 196 jogos no Estádio das Laranjeiras, vencendo 117, empatando 51 e perdendo 28. O artilheiro Ézio foi provavelmente a figura mais marcante desta fase do estádio com 44 gols marcados.

No dia 20 de Julho de 2014 foi realizado um jogo festivo entre uma equipe sub-23 do Fluminense e o Exeter City, para celebrar o centenário do primeiro jogo da Seleção Brasileira.

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20/7/2014 – Fluminense (Sub-23) 0 x 0 Exeter City. Centenário do primeiro jogo da Seleção (Foto: globoesporte.com)

Atualmente o estádio das Laranjeiras é utilizado basicamente para jogos de divisões de base e de futebol americano.

TÍTULOS CONQUISTADOS PELO FLUMINENSE NAS LARANJEIRAS

Foram 18 os títulos conquistados pelo Fluminense sendo decididos nas Laranjeiras. Abaixo a relação dos jogos decisivos.

27/10/1907 Fluminense 2 x 0 Paysandu Campeonato Carioca
04/10/1908 Fluminense 6 x 1 Paysandu Campeonato Carioca
10/09/1911 Fluminense 5 x 0 Rio Cricket Campeonato Carioca
16/04/1916 Fluminense 1 x 0 América Torneio Início
21/12/1919 Fluminense 4 x 0 Flamengo Campeonato Carioca
27/04/1924 Fluminense 1 x 0 Flamengo Torneio Início
12/10/1924 Fluminense 7 x 0 Brasil Campeonato Carioca
19/04/1925 Fluminense 1 x 0 São Cristóvão Torneio Início
24/04/1927 Fluminense 2 x 0 São Cristóvão Torneio Início
14/07/1935 Fluminense 3 x 1 América Torneio Aberto
27/12/1936 Fluminense 1 x 1 Flamengo Campeonato Carioca
06/08/1938 Fluminense 6 x 0 Bonsucesso Torneio Municipal
30/12/1938 Fluminense 2 x 2 América Campeonato Carioca
14/04/1940 Fluminense 0 x 0 São Cristóvão(*) Torneio Início
28/03/1943 Fluminense 4 x 1 Madureira Torneio Início
09/07/1952 Fluminense 3 x 2 Cruzeiro Torneio José de Paula Júnior
29/09/1991 Fluminense 0 x 0 América Taça Guanabara
10/04/1993 Fluminense 1 x 0 Volta Redonda Taça Guanabara

(*) O Fluminense venceu no desempate por número de escanteios.

Taça GB 1993

Taça Guanabara de 1993, último título do Fluminense nas Laranjeiras (Foto: Jornal dos Sports)

 

ESTATÍSTICAS, RECORDES E CURIOSIDADES

Todos os jogos do Fluminense em Laranjeiras:

quadro de jogos

Jogadores que mais atuaram pelo Fluminense nas Laranjeiras:
1. Brant – 119 (1933-1941)
2. Ivan Mariz – 115 (1928-1939)
2. Batatais – 115 (1935-1946)
4. Fortes – 107 (1917-1930)
4. Russo – 107 (1933-1944)
6. Oswaldo Gomes – 97 (1906-1921)
7. Preguinho – 92 (1925-1938)
7. Castilho – 92 (1947-1965)
9. Alfredinho – 87 (1926-1932, 1937)
10. Romeu Pellicciari – 84 (1935-1942)
10. Machado – 84 (1935-1942)

Brant

Brant, o jogador que mais atuou pelo Flu nas Laranjeiras

Maiores artilheiros do Fluminense nas Laranjeiras:
1. Preguinho(*) – 78 (1925-1938)
2. Russo – 74 (1933-1944)
3. Welfare – 71 (1913-1924)
4. Hércules – 60 (1935-1942)
5. Orlando Pingo de Ouro – 49 (1945-1953)
6. Alfredinho – 47 (1926-1932, 1937)
7. Edwin Cox – 44 (1903-1910)
7. Ézio – 44 (1991-1995)
9. Romeu Pellicciari – 42 (1935-1942)
10. Emile Etchegaray – 40 (1903-1910)

(*) Somando os gols marcados pela Seleção Brasileira e pela Seleção Carioca aos 78 marcados pelo Fluminense, é provável que Preguinho tenha algo em torno de 100 gols no estádio.

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Preguinho, o maior artilheiro do Estádio das Laranjeiras

Maior invencibilidade do Fluminense nas Laranjeiras:
30 jogos, entre Agosto de 1949 e Julho de 1953

Primeiro jogo:
14/08/1904 – Fluminense 0 x 3 Paulistano-SP (Amistoso)

Inauguração do estádio construído em 1919:
11/05/1919 – Brasil 6 x 0 Chile (Campeonato Sul-Americano)

Primeiro jogo do Fluminense no estádio:
13/07/1919 – Fluminense 4 x 1 Vila Isabel (Campeonato Carioca)

Inauguração do estádio ampliado em 1922:
17/09/1922 – Brasil 1 x 1 Chile (Campeonato Sul-Americano)

Primeiro jogo do Fluminense no estádio:
06/05/1923 – Fluminense 3 x 5 Botafogo (Campeonato Carioca)

Último jogo:
26/02/2003 – Fluminense 3 x 3 Americano (Campeonato Carioca)

Maiores goleadas do Fluminense (10 gols ou mais):
09/09/1906 – Fluminense 11 x 0 Football & Athletic (Campeonato Carioca)
05/07/1908 – Fluminense 11 x 0 Riachuelo (Campeonato Carioca)
09/12/1917 – Fluminense 11 x 1 Bangu (Campeonato Carioca)
23/05/1937 – Fluminense 11 x 1 Oceano F.C. (Torneio Aberto)
21/09/1946 – Fluminense 11 x 1 Bangu (Campeonato Carioca)
23/07/1905 – Fluminense 10 x 0 Football & Athletic (Amistoso)
13/06/1909 – Fluminense 10 x 0 Haddock Lobo (Campeonato Carioca)
27/09/1936 – Fluminense 10 x 0 Portuguesa (Campeonato Carioca)
03/05/1908 – Fluminense 10 x 1 Paysandu (Campeonato Carioca)
17/08/1913 – Fluminense 10 x 2 Mangueira (Campeonato Carioca)

Recorde de público:
Era mais ou menos comum na primeira metade do século passado os jornais citarem públicos arrendondados e estimados nas matérias sobre os jogos. Há menções a públicos de até 30.000 pessoas no Estádio das Laranjeiras. Porém o maior público oficialmente registrado no estádio que se tem notícia foi o do Fla-Flu do dia 14 de Junho de 1925, pelo primeiro turno do Campeonato Carioca. Naquele dia 25.748 pessoas pagaram ingresso para ver o Fluminense derrotar seu rival por 3×1 com gols de Fortes, Coelho e Nilo.

Nessa época, além do estádio ainda ter o anel completo de arquibancadas, nos grandes jogos torcedores também eram acomodados dentro do gramado, separados do campo apenas por uma cerca. Dessa forma era possível chegar a públicos de 25 mil pessoas ou mais.

SELEÇÃO BRASILEIRA

Além de sediar o primeiro jogo da Seleção Brasileira, em 1914, o estádio do Fluminense foi palco dos títulos Sul-Americanos de 1919 e 1922, e da Copa Rio Branco de 1931. Em 17 jogos realizados nas Laranjeiras o Brasil nunca perdeu. Foram 12 vitórias e 5 empates.

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Seleção Brasileira campeã do Sul-Americano de 1919

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Foto: Bruno Haddad / Fluminense FC

Crédito de imagens: Fluminense Football Club, exceto quando especificado

 

 

 

A Temporada de Stock-Cars nas Laranjeiras

Dentre as insólitas atrações que já passaram pelo solo sagrado do estádio das Laranjeiras (que incluem um circo nos anos 80 e partidas de autobol nos anos 70) sem dúvida se destaca a temporada de “stock-cars” realizada em 1956. Não se tratava de uma corrida como o nome pode sugerir, mas de um espetáculo descrito como “vale tudo automobilístico”, com acrobacias, batidas, derrapagens, capotagens, travessia em túnel de fogo e outras atrações inusitadas.

Globo

O jornal O Globo noticia a temporada de Stock-Cars, o vale-tudo no automobilismo

O show era estrelado por uma trupe de pilotos e dublês internacionais, encabeçada pelos franceses Gil Delamare e Colette Duval. Entre os meses de março e abril de 1956 foram realizadas uma série de apresentações no campo do Fluminense. Até o campeão mundial de boxe Rocky Marciano, em visita ao Brasil, compareceu a uma delas.

Globo2

Anúncio da segunda apresentação de stock-cars publicado nos jornais do Rio

malucos

Notícia bem humorada anuncia os “malucos do volante”

Diario da Noite

Flagrante da apresentação de stock-cars do jornal Diário da Noite

Curioso que nessa época o estádio das Laranjeiras era utilizado regularmente para jogos, diferente do que ocorria nos tempos do circo ou do autobol. Não creio que se tratasse de desleixo da direção do clube com o estado do gramado. É que naquela época ninguém se importava mesmo. Eram os anos 50, o auge do futebol raiz. Tempo dos contratos em branco, das infiltrações no joelho, das pernas quebradas por vingança. Tempos em que não eram permitidas substituições e os jogadores quando se contundiam, a não ser que não pudessem ficar de pé, se arrastavam em campo até o apito final. Não havia a menor preocupação com “frescuras” como as condições dos gramados, que eram todos ruins. O estádio das Laranjeiras tinha até uma pista de atletismo cujas curvas passavam por dentro do campo.

Alguns registros fotográficos das apresentações de stock-cars em 1956:

Última Hora, Missão 0248-56

Última Hora, Missão 0248-56

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A título de curiosidade, Colette Duval (que além de participar das apresentações de stock-cars era modelo, atriz, deputada e campeã de paraquedismo) aproveitando sua passagem pelo Rio de Janeiro realizou no dia 23 de Maio de 1956 um salto de mais de 10.000 metros de altura sobre as águas de Copacabana, quebrando o recorde mundial. O feito foi registrado no filme inglês abaixo.

A deserção de Romeu e a pacificação do futebol carioca

O extraordinário Romeu Pellicciari foi um dos grandes ídolos da história do Fluminense. Um dos maiores craques (se não o maior) de um dos maiores times (se não o maior) que o clube já teve, o esquadrão que levantou cinco títulos cariocas entre 1936 e 1941. O que pouca gente sabe é que um dia ele abandonou o Fluminense e foi para o Botafogo. Ele e Lara, outro bom jogador trazido do futebol paulista para formar aquele esquadrão.

Vivíamos os tempos da cisão no futebol carioca, que durou de 1933 a 1937. Uma verdadeira guerra fria. De um lado Fluminense, Flamengo e América, filiados à Liga Carioca de Football, e esta à Federação Brasileira de Football, entidades criadas por ocasião do surgimento do profissionalismo em 1933. Do outro Botafogo, Vasco e Bangu, filiados à Federação Metropolitana de Desportos, esta à Confederação Brasileira de Desportos, que por sua vez era filiada à FIFA.

A briga era pesada e algumas vezes suja. Certa vez, em plena disputa do Campeonato Carioca de 1936, quando o Fluminense brigava pelo título que quebraria seu jejum de 12 anos, o maior da história do clube, a CBD investiu pesadamente para tirar de Laranjeiras os principais jogadores do time: Romeu, Hércules e o goleiro Batatais. O Campeonato Sul-Americano de Seleções estava se aproximando e cabia à CBD, entidade oficial reconhecida pela FIFA, a organização da Seleção Brasileira. Os jogadores do Fluminense, filiados à outra Liga, não poderiam ser convocados. A CBD começou então a assediá-los com a promessa de jogar o Sul-Americano e depois fazer um bom contrato com Botafogo ou Vasco. A proposta era tentadora mas os jogadores resistiram. Batatais declarou publicamente que só sairia do Fluminense no dia em que o clube não mais o quisesse. Hércules também se pronunciou: “abandonar o meu clube seria loucura, eu já considero aquilo o meu segundo lar”. E após algumas semanas de suspense o Fluminense encerrou o assunto renovando antecipadamente os contratos que se encerrariam no fim do ano. Desta forma o time pôde jogar a reta final do campeonato com tranquilidade, pensando apenas em conquistar o título, o que acabou acontecendo em uma histórica melhor de três contra o Flamengo de Leônidas da Silva e Domingos da Guia.

Esse tipo de coisa era comum na época. Em 1934 o Palestra Itália escondeu seus principais jogadores (entre eles Romeu e Lara que no ano seguinte viriam para as Laranjeiras) em uma fazenda no interior de São Paulo para que a CBD, em processo de montagem da Seleção para a Copa do Mundo daquele ano, não pudesse assediá-los. Em meio a esse caos, não por acaso, em 1934 o Brasil teve sua pior participação em copas.

A última e mais pesada investida contra os craques tricolores aconteceu em 1937. Para o mês de julho daquele ano a Liga Carioca preparava uma grande atração: a vinda de um combinado argentino ao Rio para enfrentar seus três principais filiados. Era um evento muito aguardado pois os clubes argentinos da AFA só podiam jogar contra os clubes brasileiros da CBD. O combinado argentino que recebeu o nome de Combinado Becar-Varella seria portanto uma oportunidade única para Fluminense, Flamengo e América jogarem uma partida internacional, algo que o público aguardava ansiosamente.

CBD e AFA tentaram impedir esse empreendimento de todas as formas. O consulado brasileiro em Buenos Aires chegou a negar-se a dar os vistos aos jogadores argentinos, situação que atrasou o embarque da delegação portenha e só foi revertida por ordem direta do Ministério das Relações Exteriores, após entendimentos com dirigentes da Liga Carioca. Mal sucedida em seu intuito de evitar a vinda dos argentinos, o objetivo da CBD passou a ser esvaziar os jogos que estes realizariam. A estratégia foi a de sempre: aliciar jogadores do Fluminense para levá-los para o Botafogo, seu grande aliado. Romeu, Lara e Machado foram os alvos desta vez. A desfaçatez era tanta que as propostas aos jogadores eram feitas no escritório do próprio presidente da CBD, Luiz Aranha. Lá os jogadores recebiam a oferta de luvas e um alto salário com uma única imposição: não enfrentar os argentinos.

JS - Romeu e Lara treinaram

Romeu e Lara

Romeu e Lara

Machado, vendo que se tratava de uma manobra desleal com o Fluminense, abandonou as negociações, mas Romeu e Lara caíram no “canto da sereia”. Entraram em litígio com o Fluminense para obter seu passe e foram para o Botafogo. Romeu chegou a treinar no clube alvinegro mas poucos dias depois sumiu de General Severiano. Revoltados com o desaparecimento do craque alguns jogadores do Botafogo, entre eles os irmãos Aymoré e Zezé Moreira, e o ponta Álvaro, partiram para uma caçada à Romeu, protagonizando acontecimentos bizarros e até certo ponto engraçados. Procuraram o jogador em sua residência e na tinturaria da qual era sócio. Não o encontrando, ameaçaram sua esposa e fizeram vigília na porta do estabelecimento. Foi necessário que a esposa de Romeu chamasse a polícia para desbaratar a tocaia. Mas Romeu só reapareceria mesmo nas Laranjeiras, para surpresa geral. Mostrando-se arrependido, o craque acabou perdoado pelos cartolas tricolores. Amparado pelos contratos em vigor o Fluminense preparava-se para ir até o fim na luta pelos seus direitos, mas não foi necessário.

Globo1

Houve também aliciamento aos jogadores argentinos quando chegaram ao Rio. O goleiro Grippa por exemplo recebeu a mesma proposta que os tricolores: um contrato vantajoso desde que não atuasse nos jogos promovidos pela Liga Carioca. Mas recusou. No fim das contas a excursão dos argentinos foi um sucesso. O Fluminense venceu o combinado por 3×0 diante de grande público no estádio das Laranjeiras. Romeu e Lara, envolvidos na confusão, não atuaram, mas Romeu acabou ficando no Fluminense. Lara deu menos sorte: foi mesmo para o Botafogo.

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Fluminense 3 x 0 Combinado Becar-Varella (11/7/1937)

JS-galinha morta

Antes do jogo Fluminense x Combinado, tricolores e adeptos da Liga Carioca fazem chacota com a CBD: “galinha morta”

O que aconteceu depois:

Quando tudo indicava que a cisão no futebol brasileiro seguiria acirrada por mais um longo período, veio o movimento de pacificação. É bem provável que o incidente envolvendo Romeu, Lara, Botafogo, Fluminense e CBD tenha sido a gota d’água. A verdade é que nem mesmo o Vasco apoiava mais as manobras da CBD. Com novo presidente, Pedro Novaes, e novas idéias, o clube de São Januário buscava outros rumos. E partiu exatamente do Vasco e do América, este na figura de seu presidente Pedro Magalhães Corrêa, a iniciativa da paz. O movimento de pacificação se alastrou de forma impressionante. De todos os lados, de todos os clubes, da imprensa e de desportistas em geral, o apoio foi quase instantâneo. Havia um verdadeiro clamor pelo fim da cisão.

Quando Fluminense e Flamengo entraram em campo para se enfrentar pelo Torneio Aberto da Liga Carioca no dia 27 de julho de 1937, apenas 16 dias após o Fluminense vencer os argentinos, a paz já estava selada. O jogo acabou se tornando um evento festivo, uma simbólica despedida da Liga Carioca, uma vez que o Torneio Aberto sequer seria concluído. Foi uma festa de congraçamento de todas as torcidas, que lotaram o estádio das Laranjeiras para celebrar a pacificação. Com grande atuação o Fluminense venceu por 4×1. Dois dias depois, a 29 de julho, era fundada em solenidade realizada na Associação dos Empregados do Comércio, na Av. Rio Branco, a Liga de Football do Rio de Janeiro, nova entidade responsável pelo futebol carioca unificado. E no dia 31, Vasco e América se enfrentavam naquele que seria o primeiro jogo da nova Liga, sendo eternizado como o Clássico da Paz.

Após o perdão, Romeu, que já havia conquistado pelo Fluminense o Torneio Aberto da Liga Carioca em 1935 e o Campeonato Carioca em 1936, ganhou os cariocas de 37, 38, 40 e 41, o Torneio Municipal de 1938 e o Campeonato Extra de 1941. Em 1942, após longo impasse na renovação de seu contrato, acertou seu retorno ao Palestra Itália.

Zezé Moreira, o justiceiro caçador de craques desaparecidos, anos mais tarde virou treinador. Dirigiu o Fluminense em três oportunidades conquistando os campeonatos cariocas de 1951 e 1959, a Copa Rio (Mundial) de 1952 e o Torneio Rio-São Paulo de 1960. Como treinador do Fluminense chegou à Seleção Brasileira e à Copa do Mundo de 1954. É até hoje o técnico com maior número de jogos no comando do Tricolor: 474.

Ninguém é perfeito. Nem os ídolos.

Rua Marquês de Abrantes, 197. Foi aqui.

No post inaugural deste blog, Marco Zero, falei sobre a localização da casa de Horácio Costa Santos, na qual o Fluminense foi fundado. Como é sabido, a casa ficava na Rua Marquês de Abrantes, 51, na numeração da época. A novidade trazida naquele post era a declaração do fundador do clube, Alvaro Drolhe da Costa, de que ela ficava exatamente em frente à Rua Clarice Índio do Brasil.

Na verdade não era exatamente, mas quase isso. A informação dada pelo nobre fundador era um dica preciosa, mas ainda estava incompleta, vaga.

Estava.

Os documentos abaixo, obtidos na Secretaria Municipal de Urbanismo, encerram a questão. O antigo número 51 é o atual 197. Fica praticamente em frente à Rua Clarice Índio do Brasil, mas não exatamente. É necessário caminhar alguns metros à partir dali para chegar ao ponto exato.

Doc2b

Doc1b

No local hoje se encontram um prédio residencial, uma clinica veterinária e uma loja de auto-peças.

Já podemos portanto atualizar os livros de história para: o Fluminense Football Club foi fundado na Rua Marquês de Abrantes, número 51 (atual 197).

Agradecimentos: Maria Luiza Boltshauser e Anna Maria Boltshauser